<$BlogRSDUrl$>

29 de julho de 2015

Vamos votar para mudar! 

Por Ana Gomes


"Falo-vos de Luanda, onde vim inteirar-me de problemas de Direitos Humanos que têm muito a ver com esquemas de corrupção que ligam Angola e Portugal. Disso falarei ao regressar.  Mas já não no Conselho Superior, porque chegamos ao fim desta rubrica e da oportunidade de contacto com os nossos ouvintes que tive muito gosto em manter,  agradecendo-a ao Serviço Publico que a ANTENA Um exemplarmente presta.

Falemos assim do balanço que em 4 de Outubro teremos de fazer.

Longe irá o ano em que o Primeiro Ministro disparava, tonitruante, um "que se lixem as eleições" para manter o zelo punitivo da austeridade custe o que custar, ao mesmo tempo que nos admoestava a não sermos piegas...

Agora, a escassas semanas das eleições, Passos Coelho precisa de parecer benevolente, salvador. E por isso pretende que o seu Governo "salvou o país", com "a maior reforma estrutural" de que há memória.

Presunção e desplante não faltam a um Passos  Coelho que quis ir além da troika e  nos fica na memória pela brutal receita de empobrecimento que aplicou. Nem a um Paulo Portas que dizia ser do Partido do Contribuinte mas foi cúmplice do maior aumento de impostos de que há memória, do roubo das pensões dos reformados e de tantas mais malfeitorias que arrasaram os recursos nacionais e a moral dos portugueses.
 
Ouvi-los  dizer que "salvaram o estado social" (sic) é insulto à nossa inteligencia. "Salvaram " fomentando a miséria, pondo 2 milhões e 700 mil pessoas a viver abaixo do limiar de pobreza, incluindo 1 em cada 3 crianças , segundo dados da Caritas e OCDE)? retirando o subsídio de desemprego a centenas de milhares de pessoas, e cortando o seu valor e duração? retirando o Rendimento Social de insercao  (96 euros/mês, em 2014) a centenas de milhares de portugueses, 80 % deles sem qualquer fonte de rendimento? cortando o Complemento Solidário a centenas de milhar de idosos?
 
 "Salvaram" a educação, despedindo 30 mil professores e milhares de funcionários das escolas, cortando 40 por cento nas actividades circum-escolares, aumentando o número de alunos por turma, desinvestindo totalmente na recuperação de escolas e de equipamentos, na ciência, na investigação?. 

 "Salvaram a saúde" através do fecho de unidades, de cortes brutais nas equipas de médicos e enfermeiros, que levaram à rutura de serviços nas urgências, e da maior saída de profissionais de saúde de que há memória em quase 40 anos de SNS?

Passos e Portas  procuram agora fazer valer os "resultados" das suas politicas: resultados toscos e ilusorios, como  a descida da sobretaxa do IRS que na semana passada  tiraram da cartola: é, como bem descreveu o líder do PCP, o Governo a acenar-nos com um chourico que promete devolver em troca do porco que roubou. 

Resultados reais das políticas desta coligação sao os mais de 300.000 Portugueses emigrados nestes quatro anos, as familias  despejadas das suas casas por não poderem pagar rendas, as centenas de pedidos de ajuda que  todos os dias a DECO está a receber  de pessoas desesperadas, que já não têm como pagar electricidade, água, gás, farmácia. 
 
Os resultados reais medem-se também pelo nível de incumprimento de dívidas  das empresas, que continua a bater recordes e se agravou muitíssimo nos últimos 4 anos. Falências e crises de tesouraria multiplicam-se, sobretudo nas PME's, que são a base do nosso tecido empresarial. Onde está o milagre económico apregoado pelo Governo ?
 
Um Governo que sacrificou as pessoas para conseguir uma forçada redução do défice. Obtida pelo pior método possível: o corte drástico do investimento público  e o "enorme aumento de impostos". vias absolutamente insustentáveis, mas que prosseguem imutáveis nos planos da coligação. Nada de estrutural foi feito para controlar o défice: o governo viveu estes 4 anos preguiçosamente à sombra de medidas de emergência e de políticas fiscais de excepção. 

Os resultados" e as "reformas estruturais" deste Governo podem resumir-se: tudo está pior!: desemprego, investimento, serviços públicos, dívida, desigualdades, injustica fiscal e injustica social. 
E o que Passos e Portas propõem ao país é mais do mesmo. 
Não queremos. E não tememos: vamos votar em Outubro e livrarmo-nos deles. Vamos votar para mudar!"


(Transcrição da minha ultima crónica no Conselho Superior, ontem na ANTENA 1)

 

This page is powered by Blogger. Isn't yours?